quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Capítulo 4 – Quando o vento encontra o mar (parte 1)

Capítulo 4 – Quando o vento encontra o mar (parte 1)

“Michiru, você recebeu uma ligação, mas sempre diz para não te interrompermos enquanto toca...” – dizia a Sra. Kaioh, à porta da sala de música.

- Ah, e quem era?

“A...senhorita Tenoh...”

“Ah! Por que não me – pára – Digo... ah sim, eu ligarei para ela sim...obrigada mamãe.

Pela reação da filha, a mulher pôde ver que a loira era certamente exceção da regra. Mais tarde, um dos professores ligara para a residência dos Kaioh. A mãe da violinista estava na biblioteca quando um dos empregados passou-lhe o telefone. Descobrira que a filha não comparecera à aula. O telefonema há pouco fizera-lhe conjeturar sobre o motivo da ausência de Michiru. Não gostara das próprias suposições.

[...]

“Alô... Haruka?”

“Ah! Michiru! Eu liguei uns minutos atrás, mas você estava ocupada, daí deixei recado com sua mãe...”

“Sim, ela me disse... Gomen ne, é que eu sempre peço para não ser interrompida quando estou tocando...Mas da próxima vez, pode esperar na linha, eu atenderei.”

“Eu entendo...não se preocupe, desculpa incomodá-la. Você está livre agora?”

“Não incomoda! E sim, estou.” 

“B-Bem, eu liguei pra saber se não gostaria de jantar comigo...”

“Hai hai, adoraria!” 

“Que bom! Então eu posso te pegar aí digamos...daqui quarenta minutos?”

“Certo, estarei esperando então.”

Ao desligar, Haruka conferia num dos bolsos da jaqueta a chave do carro.  Pensativa, entrou no elevador. Uma idéia que não saíra de sua mente durante o treino com Yoshiro. Seria audácia, é verdade, mas não era seu costume ponderar tanto antes de agir, deixava tal ato para a violinista. Neptune por sua vez, no mesmo ânimo com o qual desligara o telefone, havia se arrumado em menos tempo do que lhe era habitual, olhava a rua pela janela, e notou quando ela chegou. Despediu-se da mãe e saiu.

- Boa noite, eu gostaria de... – dirigia-se ao segurança, que a olhava com desconfiança. Felizmente, era interrompida pela própria Neptune.

- Olá, Haruka – sorria, fazendo sinal ao segurança, que se afasta.

- Você está linda...acho que vou pra casa me trocar de novo... – brincava, abrindo a porta do carro.

- Ara, pare com isso... – ria entrando no automóvel.

- Oe...quem é a "porta"? Da outra vez não era ele...

- Ah, é um dos novos seguranças daqui... de vez em quando eu me sinto presa aqui dentro...

- Entendo...  Então hoje vim te seqüestrar... – sorria – Acho que você vai gostar do lugar que escolhi...é perto da praia. Um restaurante muito bom...escolhi uma mesa lá fora porque gosto de lugares arejados, mas se não for do seu agrado, eu mudo.

- Ah não, eu também gosto de lugares... "ao ar livre" – sorri – E você conhece lugares maravilhosos...

Haruka sorria, parando seu olhar um pouco no dela, mas se toca do que faz e desvia, fazendo a garota corar. Inicia-se um silêncio; não incômodo, mas um que parecia dizer muitas coisas, das quais as duas não tinham coragem.Minutos depois o silêncio é quebrado pela vista do restaurante que a loira tinha escolhido. Sem demora, logo se acomodam na mesa reservada.

- Tem uma bela vista da praia...

- Hai... Aceita uma recomendação de prato? 

- Claro, pode pedir para nós duas... E... como foi o treino?

- Horrível... – sentava-se, logo depois da jovem – Acho que hoje tomei mais bronca do que de costume, Yoshiro-san ficou gritando o tempo todo...coisas como "Tenoh, supere seu tempo!" “Tenoh, tome mais cuidado nas curvas! Mate-se só depois que ganhar a corrida!” Mas esqueçamos Yoshiro...vou fazer o pedido... – acenava para o garçom, esse atende e a jovem faz o pedido finalmente.

- Ah, eu sei como é isso...

- E quem ousou gritar com você?

- Ara... não estamos falando de treinos? Imagine algo como "Que tipo de acorde foi esse, Srta. Kaioh?!" ou "Você devia ter afinado antes de começar" e "Por que acentuou essa nota se é uma resolução?”.

- E quem é esse maldito pra eu quebrar? – ria.

- Ele não é mais meu professor... disse Michiru entre risos Era de quando eu era mais nova...

- Se ainda se aguenta em pé e possui dentes, vai sobreviver a algumas tapas – ria – Sabe, fora os gritos de Yoshiro, algo me incomodou bastante hoje...

- O que seria?

- A...caneta de transformação – falava baixo aproximando-se de Michiru, que surpresa, ria – Eu realmente preciso levá-la a todo lugar?

- Bom...é recomendável...nunca sabemos quando um inimigo vai atacar. Se bem que, muitas vezes podemos sentir a presença deles.

- Imagino se o menino daquele dia no autódromo está bem...

- As vítimas geralmente sentem-se muito fracas depois que são possuídas, mas com um bom descanso, logo se recuperam... ele teve sorte.

- Realmente... Oe Michiru – empurrava sua cadeira para perto da dela – Eu queria perguntar algo...há um bom tempo... – parava ao notar a presença do garçom, que trazia o jantar.

- P-pergunte... – fitava a loira, o coração palpitava.

- Você sabe se as Sailors não têm outro uniforme fora a saiazinha e o salto? – indagava com uma expressão realmente séria.

- Que eu saiba... n-não... – a interessantíssima pergunta da loira deixara a violinista quase sem ação.

- É que odeio os trajes que usamos, você fica muito bem...mas eu simplesmente não me acostumo com saias...e saltos. Não temos direito a devoluções de trajes? – ria.

- E-eu acho que não... Quer dizer... – completamente perdida com os questionamentos de Uranus - Eu nunca tinha pensado nisso, entende?... Mas, eu acho que não há como... – ria por fim, encarando a pergunta como uma brincadeira, afinal. 

- Maldição... – fechava os olhos por um momento, suspirando – Isso não é nada bom... – suspira – Oe...eu queria...perguntar outra coisa... – fazia sinal para que Neptune se aproximasse.

- Ah, pergunte... – chegava perto ainda mastigando a pequena porção de salada. Passara rapidamente o guardanapo na boca para depois fitar Haruka.

- Me desculpe pelas perguntas esquisitas...eu só estava ganhando tempo e tomando coragem, para perguntar se... – sua voz custava sair.

- Se...? – o coração de Michiru palpitava, pousara o garfo no prato e olhava a Sailor atentamente.

- Se...viajaria comigo... – dizia encarando a bela jovem, que parecia perplexa.

- Viajar?! M-mas...bom, e quando... – as palavras incompletas da garota acabaram por preocupar a loira. Começara a questionar sua idéia... Talvez fosse cedo para um contato mais intimista.

- Perdoe-me, você não está entendendo nada não é? – tentava se acalmar tomando um pouco de refrigerante.

- Bom...não por completo...

- Hoje o treinador informou que surgiu um convite, para que eu disputasse uma corrida...em Mônaco. Não valerá como exatamente campeonato, seria mais um....amistoso, digamos assim. Apesar de que nos pagam uma quantia por participar e... – suspirava – Fui precipitada, não fui? Gomen... – ria, de nervosismo.

- Calma... – sorria – Eu ainda nem falei, Haruka. 

- Estava enrolando só para perguntar se me faria companhia em Mônaco. – ria sem graça fitando distraidamente as outras mesas.

- Eu adoraria. – sorria.

Rapidamente a corredora volta sua atenção à garota. Não esperou realmente que o convite fosse aceito, mas não podia privar-se do benefício da dúvida. As palavras de Neptune soaram realmente sinceras. Lançando um discreto sorriso, Uranus fitava a garota, absorta por sua meiguice e beleza. O vento naquela noite parecia encarnar o próprio Eros. Agitava os cabelos esverdeados de Michiru, que num gesto delicado, colocara uma mecha por trás da orelha. Mentalmente a loira incluía mais alguns adjetivos à cena. Sensualidade foi um deles.

- Que ótima notícia – sorria – Agora...bem, seus pais deixarão? Eu vou entender se não puder... 

- Eu creio que não terei problemas não... Meus pais estão acostumados com as minhas viagens em turnês... Mas, eu não vou ser um incômodo pra você? Quer dizer, durante a...

- Incômodo? – a interrompia, colocando levemente o dedo indicador nos lábios dela – Será um prazer ter sua companhia, Michiru.

- Neste caso está bem. – sorria, sentindo um leve arrepio ao toque dela.

As duas garotas haviam terminado a refeição. Entretanto a violinista ainda digeria o pedido de Haruka. Um amálgama de sensações pulsava interiormente. Estava excitada em partilhar uma viagem com a amiga. Sorriu ao pensar na última palavra. Depois de desagradáveis encontros e apresentações, a Sailor dos Mares estava realmente feliz. 

O jovem garçom aproximava-se recolhendo os pratos e tomava a liberdade – tentando adivinhar a idade das moças – de sugerir o melhor vinho da casa. Haruka recusava educadamente e aproveitava para pedir a conta.

- Nós já vamos? – a jovem artista pegava a bolsa, colocando no colo.

- B-bom...antes de ir estava pensando se gostaria de caminhar um pouco na praia. É tão perto daqui... – corava. 

- Indo no meu ponto fraco, Haruka? – ria.

- Então descobri um ponto fraco seu? – sorria enquanto pagava a conta. Michiru fizera a menção de protesto mas fora interrompida por Haruka – Hey, foi um convite, não se incomode. – piscava enquanto se levantava da cadeira.

- Ara...assim me deixa sem graça... Da próxima vez não aceitarei sua gentileza. – ria – E quanto ao ponto fraco, estou em desvantagem, agora preciso descobrir um seu também...

- O meu não é tão difícil... – ria fitando a jovem. Mas a impulsividade do comentário fez com que as duas garotas corassem. A velocista estava claramente flertando... mesmo inconsciente. – Vamos à pé, tudo bem? Deixo o carro aqui mesmo...a praia fica a poucos metros.

- Nossa, jura que eu ouvi isso de Tenoh Haruka? – sorria.

- Bom...esqueceu que eu corro também? Se quiser apostamos uma corrida agora...

- Hum...mesmo já sabendo do resultado? Vou perder feio.

- Não se eu colocar seus saltos. Não consigo andar com isso... – a loira tirava os sapatos, acostumando-se com a areia entre os dedos. 

- É só uma questão de costume... – disse a violinista com um sorriso, já com o calçado em mãos.

- Michiru... – olhava a expressão tranqüila da garota que fitava o mar – Você falou que é o seu ponto fraco... O que sente perto dele? – sem pressa sentava-se na areia.

- O mar...às vezes eu acho que ele quer me dizer algo... – acomodara-se ao lado da jovem. Em seguida fechava os olhos, sentindo a brisa que vinha do mar – Eu não sei... Às vezes eu sinto como se meus sentimentos flutuassem com ele... – sorria, abrindo os olhos e a fitando – Você deve estar me achando louca...

Haruka encarava a garota, parando seu olhar no dela. Seu coração acelerara. 

- Não, de maneira alguma. Eu me sinto assim também... Embora meu companheiro seja outro... – sorria, olhando para ela – O vento quase sempre traz notícias para mim, boas ou não...

- O que ele está dizendo agora?

- Ele pediu segredo... – sorria.

- Notícias boas? – sorria de volta, sem conseguir desviar o olhar – "Como dizer que... que a influência tem sobre mim é mais forte do que o mar... eu nem consigo pensar direito..." – pensava Neptune enquanto fitava Uranus.

- Não posso trair meu...companheiro. – brincava.

- Ara...e o que eu sou? – questionava, a princípio em tom de brincadeira. Após segundos de silêncio da velocista, seu semblante ficara sério, começava a pensar no que significava realmente para a corredora.

- Bom... – de maneira despreocupada empurrava levemente o ombro de Michiru com o seu – Pra fazer o convite da viagem...considero-a como mais que isso, não acha?

- É uma boa resposta. – ria, disfarçando seu rubor.

- Não é? Eu achei que seria... – brincava – Sabe...você – fitava-a, as palavras custavam a saírem – fica diferente quando está perto do mar... Não sei definir com precisão, mas fica... “Kami-sama, estou completamente...”

- Diferente? É, faz sentido...quando te vi correr, parecia tão leve. Não vi quase esforço da sua parte, é como se estivesse sendo levada...pelo vento.

Ao ouvir a breve descrição da violinista, Haruka sentia o coração disparar. Ninguém nunca se dera o trabalho de observar suas corridas com tal sensibilidade. Sorria ao pensar que talvez aquela parceria tivesse mesmo de acontecer...e agora, um sentimento consumia-a; estava realmente apaixonada por Michiru.

- Você descreveu bem...

- Obrigada por me trazer aqui, Haruka. Realmente, este lugar é... especial... – uma pequena pausa se deu, antes da violinista suspirar e falar novamente – Poeticamente, é onde o céu e o mar se tocam, não? Talvez por isso emane uma harmonia tão grande... E sabe, eu acho que o mar seria negro e sem vida, se o céu não o tocasse... – encarava-a perdendo-se lentamente nas próprias palavras. Trocava olhares com a loira que parecia ter achado interessante a sentença poética, tanto, que retrucou...

- Bom, mas o que seria do vento sem o frescor que o mar oferece? – se aproximava da jovem sem pensar muito. Em seguida, delicadamente tomava liberdade de pegar uma das mechas de Michiru, colocando-a por trás da orelha.

- Então, é por isso que eles se encontram aqui... porque... só o céu pode tocar o mar... – estava vermelha pelo gesto da parceira. E também ao notar que cada vez mais a loira se aproximava.

- Mas só se "ele" deixar... – a beija.

(continua)

2 comentários:

  1. Nossa, olha o título desse capítulo... *___*

    Muito, muito poético. Acho que esse título resume toda a fic *aham Kisa, senta lá*

    Dona mãe da Michi com desconfianças... tomara que ela não atrapalhe x_x

    *___* OMG, um jantar. Um encontro. Um motivo pra se verem e tipo, um jantar é algo tããão romântico s2
    Ruka sábia, ela sabe como conquistar alguém *--*

    *--* Ruka mulher de ações enquanto Michi avalia antes de agir. Tão opostas mas tão perfeitas juntas que chega dar inveja shaushauhs s2

    AAAAAHHHHH é tão lindo esse jogo de sedução... *-*

    Hshaushaushaushaushaus Ruka-san querendo defender a honra da Michi.. own, que linda *-*

    SHAUSHAUSHAUSHAUSHAUSHAUSHAUSHAUHS ela ainda está pensando nos trajes. Mas também né, as pernas ficam muito a mostra.

    Viajar *------* Own, Haruka convidando a Michi pra viajar assim, ai. Quer dizer, se fosse qualquer outra pessoa eu falaria: Olha, mais um tarado (a). Mas como é a Haruka eu deixo passar e falo: Own, que linda *--*

    AAAAAAHHHH ela aceitou *----*
    Puxa, como as coisas se resolvem fácil nas fics hsuashauhs \o
    Fico aqui imaginando tudo o que a Michi está sentindo. Nossa, tão repentino o pedido, mas mesmo assim, irrecusável.

    AAAAAAAAAHHHHHHHH ela se deu conta de seus sentimentos, OMG *_______*

    *__________________________* Foi, finalmente, o beijo *o*

    Own, que lindas. Esse capítulo em especial foi tão lindo.. nossa, nem sei o que dizer mais shaushauhs \o

    Uma entrega que vai além do físico, pelo menos eu vejo assim. É como se ambas finalmente pudessem dizer que estavam em casa, após voltarem de uma longa viagem.

    Lindo Lu. Perfeito.

    Obs.: Eu vi oepi da fase S que vc me recomendou... own, lindo tb i.i

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