segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Capítulo 1 - Selamento

Capítulo 1 – Selamento.

Olhando ainda para a caneta de transformação e tendo a garota em seus braços, pensou por um momento... Resolvera tomar posse de seu destino, segurando o mágico objeto. Firmando agora seu compromisso não só como guerreira, mas como quem sabe parceira de Sailor Neptune, ou melhor, de Kaioh Michiru. Estava feito. Não teria mais volta. Uma vez guerreira, caberia cumprir o que fora selado. Hoje, Tenoh Haruka fundia-se à Sailor Uranus... 

Mesmo que a realidade apresentasse um silêncio indigesto, os pensamentos confusos da loira pareciam quase gritar naquela garagem. Ela, por um instante, olhou para o menino, possuído minutos atrás por algo que não conseguira definir com precisão. Estava quieto, mas podia ver, forçando rapidamente seus olhos que ele estava respirando. Suspirou. Então, seu coração acelerou. Lembrou não só que a jovem havia salvado sua vida, como das palavras pronunciadas por ela... “Kami-sama, ela...falou aquilo realmente? Declarou-se? Mas eu fui tão rude... O que devo fazer?” – pensou a loira.

Escutando um gemido de dor, tornou a olhar Neptune em seus braços, sentindo o sangue da jovem se esvair. O silêncio então é quebrado por Uranus.

- Você precisa de cuidados. Logo as pessoas virão checar o que aconteceu...se quer manter tua identidade, é melhor sair daqui. 

- Sim, eu sei... – Neptune apoiou-se numa das mãos, tentando se levantar. Seu braço queimava com os ferimentos. Haruka notara a expressão da garota, que controlava sua dor. 

- Eu posso ajudar com os ferimentos... – falou por impulso.

- Não se preocupe... 

- Mas... está ferida e... bom, quem vai cuidar de você? Eu suponho que você não tenha espalhado sua condição de...guerreira.

- Não, eu não disse e... – desviava sua atenção por um segundo, reparando no objeto ao chão – Você o tocou! Por que fez isso? Eu tentei te avisar...

- Apenas... – desviou o olhar – não quero mais fugir. Não é de hoje que tenho sonhos perturbadores. Quero ter a chance de acabar com isso, se for possível. Venha, eu te ajudo a levantar.

- Eu imaginei que você devia ter alguma visão desse tipo a jovem se apoiou levemente nela, erguendo-se – Desde que soube quem você era... 

- Você tem que se cuidar. Já o rapaz... – percebera que a jovem olhava o rapaz ao chão – Me parece que vai ficar bem, só está fraco. As pessoas virão logo para cuidar deletentara desviar do assunto por hora, não queria discutir ainda mais na situação que a outra garota se encontrara.

- Obrigada, mas...não se preocupe comigo...

- Não seja tola. – dizia seriamente – Venha comigo, não deveria ter se arriscado desse jeito...
A jovem Neptune volta ao seu velho uniforme, usando a caneta de transformação. Teve de conter-se para não explicar o motivo que a fez se arriscar, embora, minutos atrás expusera mais do que queria... Revelando detalhes que só seu velho Stradivarius sabia, confessava-lhe segredos nas melodias.

- Olha, você tem que se tratar, eu posso ajudar...entre... – abria a porta do carro – Concorda que não posso levá-la a um hospital? As pessoas fariam perguntas. Tampouco, como disse, há quem possa cuidar de você.

- Você não devia ter feito isso, não se sabe ainda o que acontecerá nesta luta. Eu sinto muito se a pressionei... dizendo tudo aquilo minutos atrás. Mas essa não é uma decisão para ser tomada com... – parava, ao ouvir a porta do carro bater, a loira agora a encarava. 

- Não me diga o que posso ou não fazer! Entrei nisso pelo que já falei a você...não quero mais fugir... Se me explicar um pouco sobre o que está acontecendo, aprendo o que for preciso. 

- Não estou tentando te dizer o que fazer! Mas eu sei do que estou falando... Espero que saiba que, agora nunca mais poderá voltar à sua vida... Desculpe-me dizer, mas...é estranho...você não me parecia o tipo de pessoa que jogaria tudo para o alto desta maneira... Ou talvez, você ainda não saiba que o tenha feito...

- Isto é porque, você não me conhece, como afirmou. Eu sei o que minha decisão implica. Como eu disse, se me ensinar, posso me virar...prometo que não vou ser um estorvo...

Neptune fitou a velocista com surpresa, reação que logo foi substituída por breve desconsolo. Realmente, não a conhecia como afirmara. Ou, quanto queria...observara Haruka por tanto tempo, intimamente desejando que a jovem fizesse parte de sua história. Talvez, não tivesse falado com clareza... o ‘conhecer’ que mencionara estava ligado a outras vidas, um tempo que dividiu com Uranus. A dor novamente deu sinal. Michiru suspirou, aceitando por fim o pedido da garota. 

- Está bem. – disse, abrindo a porta – Eu aceito sua ajuda, obrigada.

A caminho do apartamento da corredora, Neptune apertava a borda de sua saia numa reação contida, as feridas estavam realmente incomodando. Por alguns segundos, Uranus olhou para o lado e notou no banco do carro pequenas manchas de sangue. Pisou fundo. A Sailor dos Mares abriu os olhos quando sentiu o veículo frear, pois haviam chegado. 

O prédio não ostentava o luxo que as revistas especulavam, mas era de bom gosto. Antes de saírem do carro, a loira ajudou Michiru a esconder as marcas, usando umas das toalhas limpas encontrada na mala, que utilizava pós-treino. Silenciosas, dirigiram-se ao elevador. A violinista não atentou para o andar, mas parecia que tinham parado quase na cobertura. Tirando a chave do bolso com rapidez, a corredora gesticula, pedindo que a outra entrasse. Neptune parecia hesitante.

- Não seja boba...afinal já estamos aqui. Já que não contou a ninguém sobre a tal missão, seria estranho que um amigo visse esses cortes... 

- Um...amigo? Não ouviu o que diziam no iate? – dizia séria, entrando no apartamento.

- As pessoas tendem a falar demais sobre os outros. Eu digo que oitenta por cento do que sai nas revistas sobre mim é fruto de uma publicidade cem por cento calculada. Vendem aquilo que as jovens querem acreditar.

- A maioria das pessoas realmente não sabe nada sobre mim. Mas nesse quesito, eles acertaram... 

Enquanto apontava o sofá, Uranus notara o desalento impresso na frase. Perguntou internamente a razão de estar na defensiva com a garota. O porquê de tanta rispidez. Não havia mais motivo para tal, já que agora aceitara seu destino com Sailor, provavelmente seriam parceiras. O fato é que também sentia uma inexplicável conexão com a jovem. O encontro – ainda que breve – promovido por Elza Grey, fez com que Haruka – assim que parou seu olhar no de Michiru – tivesse uma descarga informacional. Viu-se ao lado da garota lutando em lugares incrivelmente familiares, embora, estranhamente, nunca estivera lá. Não nesta vida pelo menos. Vira outra garota, trajando um vestido branco adornado com fitas prateadas. Parecia tranqüila. Assim, frame a frame a corredora viu uma história que talvez lhe pertencesse. Naquele instante a Sailor dos Mares sentiu-se da mesma forma.

- Enquanto... – pausava, medindo suas palavras – Estiver me ensinando não vai estar mais sozinha... 

- Hai... – falava baixinho, se desvencilhando das lembranças tristes que lhe ocorreram - Mas eu também não pretendo tomar o seu tempo... Afinal, a maior velocista do país deve ser alguém muito ocupada e rodeada de pessoas...

- Por mais que não goste da idéia, você está na mesma situação que eu. As pessoas no iate exageraram nos comentários, mas muitas ali foram realmente escutar tua música...

- Muitas não entenderam o que estavam escutando – sorria fracamente. Uranus a fitava. Parecia ter compreendido o desabafo da jovem. Resolvera desconversar.

- Escute, não repare na simplicidade do lugar...eu quase não paro aqui... 

- Não, imagina... – olhando em volta, sorri fraco – É um lugar de muito bom gosto...

- Obrigado. Não tem muita coisa...só o essencial...mas uma poltrona confortável é útil quando chegamos de um dia de treino né? Por favor, sente, eu vou ferver água, quero ver esses seus ferimentos... – sorria finalmente. Ato que não passou despercebido por Michiru.

- É o tipo de coisa com a qual tem que se acostumar. Mas, eu já disse, não quero ser um incômodo... Você esteve treinando durante todo o dia hoje, não foi? Deve estar cansada... Eu lhe agradeço por tudo, mas...

- Não. – interrompia, olhando-a seriamente da entrada da cozinha – Eu não costumo trazer muitas pessoas aqui...se eu me ofereci, é porque não é incômodo algum...por favor fique...Kaioh-san – a pronúncia do seu nome, ainda que com formalidade, tornara o ar da sala mais leve. A violinista sorria, levemente.

- Obrigada então... por tudo...

- Sem problema. Fique com isso, vou buscar a água. – disse a velocista entregando a toalha dobrada.

- H-hai...

A chaleira denuncia que a água estava pronta e Haruka leva para sala, onde senta perto da jovem, que se encontrava no sofá.

- Posso... ver os ferimentos? – dizia um tanto vermelha enquanto pegava o pano e o molhava na água quente.

- Não precisa se preocupar... foi só um raspão... – a loira não notara, mas a jovem estava ruborizada ao levantar parte da blusa.

- Se não fosse comprometer tua identidade, te levaria a um hospital... – a loira tentava formular alguma pergunta que a distraísse enquanto cuidava dos cortes – Você toca há quanto tempo?

- Hum... eu sempre gostei de violino... bom, de música em geral... Eu ainda era bem pequena quando meus pais me colocaram em aulas de violino – sorria, se lembrando. Uranus esboça um sorriso ao ver de relance a expressão da garota.

- Você toca muito bem...Kaioh-san...à propósito, pinta muito bem e...

Uranus cala-se ao lembrar de suas palavras ríspidas no iate. Naquela hora vira o grande quadro de Neptune e a discussão iniciou teve início. Sentia remorso agora. Michiru pareceu compartilhar da sensação e vira o rosto, sentindo os olhos marejarem.

- Hey...eu não... – começou a velocista – Eu não sou muito boa em me desculpar. Talvez porque não tenha amizades tão...profundas. Mas queria dizer que sinto muito, Kaioh-san. Insultei-a naquele dia, gomen... – parava os curativos ao sentir o suspiro da garota. 

- Não se deve pedir desculpas por dizer o que pensa... 

- Não penso isso de você. Eu estava com raiva... não que isso seja desculpa para o meu comportamento, mas quando a conheci e me deu todas aquelas informações...eu simplesmente não queria me envolver, de forma alguma. Não queria entender o que está por vir. 

- Por isso eu não posso te culpar... Também nunca fui lá muito sociável... Por isso não me conhecem... Muitos pensam como você... E na verdade, te admiro, por dizer o que pensa, mesmo sem pensar – sorria, virando-se para a loira que, terminando de fazer os curativos, estendia a mão.

- Bom, eu não espero que me perdoe pelas coisas que disse... mas podemos começar de novo? Sou Tenoh Haruka, "estrela dos carros de corrida"... – brincava, parafraseando Michiru.

(continua)

4 comentários:

  1. Bem, estou postando um comentário como anônimo, mas na verdade é a Kisa shaushausaush.

    Eu já tinha lido, não lembro bem, acho que uns 6 capítulos dessa fic nos arquivos que você havia me mandado e me apaixonei pela história de Haruka e Michiru (mesmo sem saber patavinas, pois a menina aqui não havia visto a fase S do anime.. que por sinal é bom falar, estou no epi 3 agora D:)

    Acho que a relação das duas tem uma profundidade que talvez eu só possa comparar com a relação Mamoru/Usagi. E além disso, a sua escrita (e também a da sua companheira, pelo menos nesse começo né) é deliciosa, rica e que me leva a ir prosseguindo na leitura, justamente pra descobrir o que de fato acontece entre as duas *--*

    Haruka está seguindo um caminho de descobertas. Ela está descobrindo a si mesma, não só como guerreira, mas como um ser humano que é mais do que aparece nas capas das revistas automobilísticas. Michiru, ao contrário, se dá conta totalmente de sua condição e apenas espera o 'despertar' da Ruka.

    Ai, é lindo, eu já tô aqui cheia de expectativas pelas duas. Amo mesmo o seu jeito de escrever e essa história *--*

    Sempre que puder, vou comentar os capítulos s2

    Bjo =***

    E muito, muito amor que eu vejo aqui *--*

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  2. Aff, só depois vi que tinha essa opção.. olha eu aqui estragando a página de comentários D:

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  3. Bem, e aqui eu posso postar mais de um comentário, o que é bom porque eu esqueci de falar uma coisa: a Ruka cuidando das feridas da Michi... omg, lindo.

    Sério, é de tocar o coração porque eu vejo como o primeiro passo que a Ruka dá para o que eu vejo como auto libertação. Ela abrindo o coração *____*

    Ai, cada vez que vejo lembro de mais detalhes pra falar, mas agora acho melhor para né shuashauhs.

    *--*


    Obs.: meus coments são doidos, não ligue D:

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  4. Kisa, em primeiro lugar muito obrigada pelos comentários. Mesmo. Fico felicíssima por saber que está gostando dessa fic despretensiosa. A relação das duas é algo realmente lindo. A "química" - se é que podemos descrever assim - delas é algo invejável. Pra mim, uma das melhores relações existente nos animes.

    Seus comentários estão longe de serem "doidos", acho excelente que esteja prestando atenção nos detalhes. =)

    Continue acompanhando!

    Bjo.

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