terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Capítulo 9 – Complicações estudantis

Capítulo 9 – Complicações estudantis.

“Sei que estava tão nervosa quanto eu. Mas vou deixá-la negar, fingirei que aquele sorriso malicioso quando tirou minha blusa, não era pra esconder tua timidez. Eu estava tremendo. Você, tão costumeiramente afoita tratou de se controlar e me abraçou. Eu, sem pressa, tratei de tornar o ato mais íntimo e te beijei. E agora, você também tremia. Eu vibrei, era mais um lado seu que eu descobria.
E isso, é absolutamente delicioso.

Disse-me palavras desconexas. Não doces, mas indecentes; que se encaixaram com perfeição, como seu corpo no meu. Agradeci aos deuses por estarmos na quase na cobertura, minha voz estava difícil de controlar. Já a sua, rouca e impaciente, mostrou-se melhor do que qualquer partitura na qual toquei.
Eu a ouviria pra sempre.

Sua boca experimentou novamente a minha e eu jurei que não sairia daquele quarto tão cedo. Esqueci das horas, dos meus pais, das missões e quase do meu nome. Porque eu sorria cada vez que você dizia que me queria. Boba. Você me mostrava, palavras foram desnecessárias.
Não que eu desgoste...

Quando me provou, deixei que me levasse pra bem longe desse planeta. E só me buscasse quando eu já não pudesse respirar. Seu corpo não é tão pesado quanto parece, sabia? Eu me entreguei completamente e fiquei feliz quando de olhos bem fechados você fez o mesmo, ainda com as bochechas vermelhas.
Tão linda.
Tão minha.

Tenho que te pintar qualquer dia... você deixa, não deixa? Porque sei agora qual argumento é eficaz, ‘Ruka...”

[...]

O sol tentava de todas as formas entrar no quarto. Sua persistência ajudara-o encontrar uma brecha entre as cortinas. Escapando do inoportuno invasor, Michiru vira-se, procurando refúgio no corpo da velocista. Ajeita-se e volta a dormir.

Lençóis desalinhados. Um dos travesseiros, no chão. Justificável; tinham dezesseis e energia invejável. Um barulho ininterrupto força a loira abrir um dos olhos. O ruído ganha volume à medida que se espreguiçava na cama, aproveitando para abraçar aquela com quem passara a noite. Beijava-lhe os ombros. O som novamente. Congela. Era o despertador...

- Kami-sama! O colégio, Michiru! – saltava da cama, procurando desesperadamente qualquer peça de roupa.

- Mas que... o quê? – acordava lentamente, reconhecendo o barulho – Ah sim, é só o despertador...

- Temos que levantar, princesa,  ou chegaremos atrasadas!

Falava enquanto contorcia-se, vestia a camisa, e ficava em uma perna só para colocar sua calça. Como não possuía nenhuma formação circense, tropeçou, caindo violentamente no chão.

- H-Haruka! – vira-se com o baque da queda da jovem. Ia perguntar se ela estava bem, quando nota que se levantara sem o cobertor, o que a faz corar – V-Você está bem?

- Vou sobreviver... – dizia, com um meio sorriso, terminando de se trocar.

- Por que se troca? É sábado... Eu só tenho uma aula hoje.

- Quê?! Por que não me avisou? – sentava-se, um tanto irritada.

- Não tenho cara de calendário – ria – E, além disso, eu pensei que sabia... – beijava-a, enquanto removia despreocupadamente a gravata de Uranus.

- Você me fez esquecer... – sorria – Quando vai tocar pra mim Michiru? – removia as últimas peças de roupa, jogando-as na poltrona do lado direito da cama.

- A pergunta é quando você vai tocar pra mim...ou pensa que eu esqueci?

- Michiru... – suspira – É que eu não costumo tocar na frente dos outros...

- Não costuma tocar porque estragaria a imagem de "um piloto de corridas" ou toca tão mal assim? – ainda sorria, provocando-a.

Orgulhosa, a loira se senta rapidamente, deixando o cobertor cair. Esquecendo que estava desprovida de qualquer tecido. Não que sua parceira se importasse...

- Claro que não! Bom, não sou profissional mas... Eu toco melhor do que qlaquer moleque da orquestra do Mugen! – Neptune ria, da irritação e do esquecimento da Sailor. A visão do corpo da outra estava agradável demais.

- Ótimo, eu quero só ver então. Vai tocar comigo... – sorri.

- É claro! Você vai ver que... – Haruka cala-se, perante sua estupidez. E repara em tudo. Na falta de vestimentas e na falta de controle por deixar-se levar pela provocação de Michiru.

- Vou ver sim... – rindo – Ok acho que a convenci, não? – via a jovem corar, encolhendo-se na cama.

- Por que será que prevejo mais momentos constrangedores como esse para mim?

- Ara... não me diga que me vê como a causa deles... Afinal eu não fiz nada, ‘Ruka. 

- Sei... olha... – apontava para o relógio na mesa de cabeceira – Ainda temos duas horas antes da sua aula...o que podemos fazer de proveitoso? 

- Bom, meu violino ainda não está aqui... – ria, aconchegando-se.

Abrindo um sorriso, Uranus puxa a violinista de volta aos seus braços. Não antes de empurrar o relógio dentro da gaveta. 

Faltando vinte minutos para a aula, preparavam-se para sair do apartamento. A grande dúvida era como tinham encontrado vontade de sair dele. Talvez vontade não seja a palavra mais adequada, mas de qualquer forma, tinham obrigações a cumprir. Na verdade, Haruka estava com o dia livre, sua parceira não. Seu talento fora notado pela professora de artes, que a convidara para ser monitora das aulas, realizadas ao sábado também. Eram alunos bem mais novos, contudo Michiru aceitou com prazer o desafio. Não estimava muito a sensei – conseqüência de eventos passados – todavia a arte era irresistível. Já na porta do apartamento, era observada por Haruka que se aproximava de fininho abraçando-a pela cintura: “Significou muito, muito mesmo ter confiado em mim ontem...”.

- Mas eu sempre confiei em você, ‘Ruka. E a noite de ontem não poderia ter sido melhor. – abraçava-a. Em silêncio, a loira retribui, escondendo a cabeça no ombro da garota. Tentava disfarçar o rubor.

- Ao Mugen? – sorria, dessa vez fitando Neptune. 

- O Mugen!! Ara, você me distrai demais, sabia? – ri.

- Mas isso é bom... certo? – piscava.

[...]

- Michiru, te espero na biblioteca, tudo bem? Vou inventar algo para passar o tempo. – dizia deixando-a na porta da sala de artes, ainda vazia. 

- Contanto que não tenha a ver com as garotas do colégio... – virava o rosto, provocando-a.

- C-Claro que não!

"Boa tarde Kaioh-san!” – dizia um dos alunos antes de entrar.

- Ah, boa tarde – sorri – Até mais tarde, Haruka... – ria, entrando na sala.

- Até... – suspirava frustrada, enfiando as mãos nos bolsos, enquanto se dirigia à biblioteca. Olhando de soslaio, notara os largos sorrisos do jovenzinho, que ajudava Neptune com os materiais.

Enquanto caminhava, um dos membros do clube de literatura nota a presença da velocista. Apressava-se. Chegando perto, agarra um dos braços da loira, que a olha assustada, mas logo se dá conta que era só uma aluna e sorri. Cabelos um pouco acima dos ombros, magra, altura média... Era uma garota até bonita.

"Tenoh-kun! Onde está indo?” – perguntava empolgada. Ouvindo o destino de Haruka, a garota indaga se poderia ir também; ouvindo uma afirmação um pouco gaguejante, segue com ela.

- Oe...você não tem aula agora... – esperava o nome da menina.

"Ogawa Makie!” – diz a menina, animadamente. "Faltam alguns minutos ainda para o clube se reunir, mas vim organizar a sala” – completava.

Por costume, Haruka até perguntaria que clube seria, se gostava e há quanto tempo estava. Depois emendaria um sorriso e faria algum elogio manjado. Mas não dessa vez. Não queria ser rude com a menina, mas pouco importava se Makie fazia parte do clube do Raio que o Parta. Encontrando uma mesa vaga nos fundos da biblioteca, a loira pensou em dormir, e o faria, se a insistente garota não estivesse sentada ao seu lado...

"Tenoh-kun...parece cansado, o que foi...?"

- Hum...não foi nada... – sorria meio sonolenta – É que dormi pouco... “E quero não continuar dormindo pelas mesmas razões...” – pensava, deixando escapar um sorriso malicioso.

Para Makie, o momento não poderia ser mais oportuno. Sua “Paixão” estava a centímetros. Teria que se declarar, ali, na biblioteca. Há cinco meses tinha se apaixonado pela loira; em um sábado assistindo televisão, vira “o piloto” japonês ganhar mais uma vez. Câmeras deram close quando a corredora tirara o capacete. Quase derrubara os bolinhos de arroz no tapete da sala. Não demorou muito para que enchesse seu quarto de revistas adolescentes e pôsteres.

De fato, adquirira mais um no dia anterior. A fita dupla-face que comprara ainda estava em sua mochila. Tinha um lugar reservado numa das paredes do quarto.

E agora, ali, naquela biblioteca tomava coragem para colocar em palavras seus sentimentos, tentava acariciar os cabelos de Uranus, mas perdera a audácia quando esta vira o rosto, enrubescido por pensamentos sobre a noite anterior com Michiru.

"Tenoh-kun? Está bem?"

- H-hai...Makie-chan...

"Você...bom, eu queria te convidar para..." – inspirava, tentando acalmar-se. Mas Haruka mal podia ouvir a menina, imersa em lembranças com a Sailor dos Mares.

- Hã? O que disse?

“N-não, é que... não foi nada. Bom, mas o que faz aqui? Hoje é sábado... você veio treinar ou...”

- Ah não, eu só estou acompanhando uma pessoa...

“Um...amigo?”

- Uma amiga.

“Ah... Sabe, eu vi sua corrida em Mônaco, foi um resultado muito bom.”

- Obrigado. Mas da próxima vez tenho que me esforçar mais...

“Deve ser difícil viajar tanto, quer dizer, cansativo...”

- Bom, há vantagens também... – sorria.

“Eu imagino... Tenoh-kun, eu queria te falar que...”

Algum tempo depois, a violinista já na biblioteca procurava sua parceira, quando ouve um burburinho. Uma estante a separava de Haruka e Makie. Em silêncio, detém-se, a fim de ouvir o que a garota desejava.

"Bom, eu queria... Sair com você.” – diz de uma vez, acariciando os cabelos de Uranus, que a olhava um pouco surpresa. Já Michiru, estava em dúvida se entrava ou não. Acabou não controlando a vontade de ouvir a resposta de Haruka...

Makie encarava a loira, realmente decidida a só deixar o lugar quando obtivesse uma resposta. Não conseguira se declarar, é verdade. Contudo, sair com quem gostava já era algo. – “Então...?” – indagava novamente. 

Sorrindo, pegando a mesma mão que lhe acariciava os cabelos, Haruka respondia: “Gomen princesa. Mas creio que...eu seria uma péssima companhia... Meus pensamentos estariam em outro lugar...aliás, seria mais correto dizer que...alguém estaria neles.” – soltava a mão da garota, que se controlava, não querendo demonstrar algumas lágrimas que insistentemente caíam.

- Hey... não chore... “Droga! Não queria magoá-la! E agora?”

Michiru, ainda quieta, não pôde conter um sorriso mudo ao ouvir a resposta de Uranus. No entanto, também não sabia o que fazer. Se entrasse naquele momento, só iria piorar a situação da garota. Resolveu esperar que ela saísse. A menina levanta-se procurando não encarar Haruka, que a esse ponto estava confusa sobre que atitude tomar. Pedia perdão mais uma vez? Resolvera calar-se enquanto via a jovem recolher alguns livros em cima da mesa. Parecia chorar ainda. Saindo apressada do local, esbarra em Michiru...

- A-ah, gomen ne, eu... – a violinista parava ao perceber que a menina chorava.

“É você...não é?” – Makie olhava-a com raiva, mas as lágrimas ainda insistiam em cair. Os nomes Kaioh e Tenoh comumente apareciam nas revistas que comprava. E o jornal do colégio tratava de ligá-los, especulando sobre que tipo de relação teriam. Makie simplesmente se recusava a acreditar.

- "Droga...o que faço?" Eu... – tentava formular uma resposta e enquanto isso, Haruka escutando a voz da violinista, levantava-se.

"Responda...” – dizia seriamente Makie – "Pelo menos isso...Kaioh."

- Se você quer tanto saber, eu... – olhava para Haruka, como perguntando se estava tomando a atitude certa.

- Eu...suponho que ela não precise lhe contar nada, Makie-san – interrompia.

A garota encara Michiru por um instante; tentando nesse ínfimo espaço de tempo analisá-la. 

“Nem precisa. Já obtive minha resposta.”

E antes que pudesse pronunciar mais alguma coisa, a garota corre, despertando a atenção dos poucos estudantes que se encontravam no local.

- Oe... antes que me mate, eu não estava fazendo nada com essa garota e...

- Eu não sei se a convenci e... Ara, tudo isso é consciência pesada? – sorri – Na verdade, eu estava aqui há um tempinho e... bom, eu ouvi o que você disse a ela... A-arigatou – cora levemente – Mesmo assim fiquei surpresa com a reação dela... Não me surpreenderia se espalhasse o que houve aqui.

- Não acho que vá fazer isso. Foi uma situação desagradável pra ela... não comentaria. Mas me diga, estava me espionando? Que coisa feia... – sorria, acariciando-lhe o rosto – Não tem que me agradecer por nada, eu estava até me perguntando se tinha sido dura com ela, mas o jeito que ela começou a te olhar...me fez esquecer qualquer piedade...

- Estava te procurando na verdade... mas quando cheguei, não quis atrapalhar a conversa – ri – E... não ligo para o que ela pensar de mim... Aliás, tem idéia de como foi difícil não dizer nada depois do que ouvi? Ou não te beijar? Mas eu não podia... causar problemas... – Neptune sorria, aproximando-se.

- Por um beijo seu? Dane-se o Mugen, princesa... – ria – Oe, sua aula acabou, não? Aonde quer ir? Passear? Lutar contra o mal? Comer? Lutar contra o mal?

Michiriu riu.

- A companhia é infinitamente mais importante do que o lugar...

- De onde tira tantas respostas legais?
(continua)

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